ESTUDO 14
Pergunta 19: Qual o significado da miséria
existente no estado em que o homem caiu?
Resposta: Toda
a humanidade, devido à sua queda, perdeu a sua comunhão com Deusl, e
está sob a ira e maldição de Deus2, e portanto ficou sujeita a todas
as misérias nesta vida3, à própria morte4, e às dores
eternas do inferno5.
1. Quando
ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia,
esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as
árvores do jardim. (Gênesis 3:8). E,
expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden. (Gênesis
3:24).
2. Entre os
quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo
a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira.
(Efésios 2:3). Maldito todo aquele que
não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.
(Gálatas 3:10).
3. Por que,
pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados.
(Lamentações 3:39).
4. Porque o
salário do pecado é a morte... (Romanos 6:23).
5. Então, o
Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. (Mateus 25:41).
A raça humana está
perdida. Todas as coisas dão testemunho disto: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta
angústias até agora” (Romanos 8:22). As pessoas incrédulas odeiam admitir
isto. E esta é a razão pela qual elas tentam achar alguma explicação para as
coisas (como a teoria de evolução) deixando de fora toda e qualquer referência
à ira e à maldição de Deus. Os incrédulos tentam convencer a si mesmos que o
mundo como ele é agora pode de alguma
maneira ser feito um lugar feliz, e que o homem (pelo seu próprio poder) pode
algum dia acabar com a morte, doenças, guerras e sofrimento. Mas isto só mostra
quão tenebrosos e vãos se tornaram a imaginação e o coração do homem pecador,
pois “a ira de Deus se revela do céu
contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”
(Romanos 1:18). E como o próprio Deus revelou isto, os homens literalmente
enganam a si próprios visando evitar a verdade, pois a verdade é que a miséria
do homem é bastante clara!
Como este estudo ensina, a
miséria do homem consiste:
(l) No fato que ele perdeu comunhão com Deus,
e está debaixo da ira e maldição de Deus. Quando Deus criou o homem, Ele o
criou com capacidade e necessidade de vida eterna. Lemos em Eclesiastes 3:11
que Deus “pôs a eternidade no coração do
homem”. Mas com a queda do homem ele perdeu esta capacidade, e esta
necessidade já não foi satisfeita, pois somente Deus poderia encher o coração
do homem. O resultado é que o coração do homem está agora inquieto e vazio. Um
livro inteiro da Bíblia é dedicado ao assunto da vaidade (vazio) da existência
humana separada de Deus (ou, “debaixo do sol”, como é escrito em Eclesiastes).
“Vaidade de vaidades, diz o Pregador;
vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiastes 1:2). Ou, como nós
diríamos hoje, “vazio, vazio, tudo é vazio”, ou “nada, nada, tudo é nada”.
Assim, na vida daqueles que não são salvos
(2) Junto com este vazio e desesperança, há também
miséria nesta vida da qual ninguém pode escapar completamente. Como
disse o amigo de Jó: “Mas o homem nasce
para o enfado, como as faíscas das brasas voam para cima” (Jó 5:7). É só
uma questão de tempo (e o tempo passa muito rápido) para que doenças, fome,
guerra ou desastre nos sobrevenham. Assim, na Bíblia, a vida do homem é
comparada a uma sombra, um sonho, uma neblina ou uma vigília da noite. É como a
flor, ou a grama que logo após completar o seu crescimento começa a diminuir.
Claro que nem todos passam pela mesma experiência. Uma pessoa poderá sofrer uma
doença terrível, enquanto outra morrerá numa batalha. Nós podemos ver até mesmo
um homem religioso (como Jó) sofrendo, enquanto um homem mau poderá não passar
por dificuldades: “Pois eu invejava os
arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos. Para eles não há preocupações,
o seu corpo é sadio e nédio. Não partilham das canseiras dos mortais, nem são
afligidos como os outros homens” (Salmo 73:5). Nós não podemos explicar
estas “diferenças”, a não ser que todas elas fazem parte do plano sábio e
soberano de Deus. As bênçãos momentâneas de Deus para o perverso só tornam a
destruição deles mais terrível. E os castigos e provações momentâneos de Deus
para o íntegro só contribuem para o seu bem. Mas o ponto importante é que a
miséria é universal e inevitável. Há dores no corpo e tristezas na alma que não
são fatos desconhecidos para nenhum homem nesta vida.
(3) Há o domínio universal da morte. Isto
também é experimentado por todos os homens, pois “aos homens está ordenado morrerem uma só vez” (Hebreus 9:27). Sabemos que a glória da fé Cristã é que ela
promete vitória sobre a morte, mas por enquanto a morte é uma inimiga a ser
destruída: “O último inimigo a ser
destruído é a morte” (I Coríntios 15:26). Foi por causa disto que o Senhor
Jesus, quando veio à tumba de Lázaro, “agitou-se
no espírito e comoveu-se” (João 11:33) e “chorou” (João 11:35). Não está de acordo com Bíblia dar menos
importância à morte, ou tratá-la (como os modernistas freqüentemente fazem)
como uma coisa natural (como o nascimento). A morte também é causada pelo
pecado, e faz uma parte da miséria do homem.
(4) Há o castigo perpétuo do perdido. Como
este é um assunto que nós aprenderemos com mais detalhes num estudo posterior
(Perguntas 28 e 84), nós apresentaremos aqui somente uma breve discussão. Mas
devemos enfatizar que esta verdade solene foi ensinada de maneira clara por
nosso Senhor Jesus Cristo. E foi Ele (mais do que qualquer profeta ou apóstolo)
que nos advertiu sobre isto. Ele fala de um “fogo inextinguível” (Mateus 3:12), um “verme que não morre” (Marcos 9:48), o “tormento com fogo e enxofre” (Apocalipse 14:10), “trevas” e “choro e ranger de dentes” (Mateus 8:12). E foi o nosso Senhor que
usou a mesma palavra para descrever o castigo perpétuo do perdido, e a
bem-aventurança eterna dos salvos: “E
irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna”
(Mateus 25:46).
É importante entender que toda
a humanidade foi trazida pela desobediência de Adão a um estado de miséria.
Mas também é importante entender que os que pertencem ao Senhor Jesus Cristo
estão realmente em uma posição diferente daqueles que não têm Jesus como
Salvador.
(1) Vamos primeiramente considerar as diferenças
que existem nesta vida. Aqui nós temos que entender que o cristão desfruta de
comunhão com Deus. Ele pode vir a Deus através de Jesus Cristo. E Deus vem ao
crente pelo Espírito Santo. Além disso, pelo sacrifício de Jesus Cristo a ira e
a maldição de Deus são levadas para longe do crente. Ele já não teme que Deus o
castigue para sempre, pois Cristo foi castigado em seu lugar. Ele já não é
oprimido pelo medo da morte e do castigo eterno. Entretanto, devemos observar
que em nenhuma destas coisas o crente é completamente libertado do seu estado
de miséria nesta vida. Ele ainda não tem comunhão completa e perfeita com Deus
(ele ainda é fraco e pecador, e passa por muitas dificuldades e aflições). E
ainda há uma sensação na qual o crente também é castigado por Deus: “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita
a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:6). Assim na vida do crente também
ocorre doença, tristeza, etc. Mas a diferença é que estas aflições não vêm como
uma expressão da ira e maldição de Deus, mas como uma disciplina corretiva.
(2) É na morte que a diferença entre o crente e o
incrédulo ainda se torna mais pronunciada. Pois é nela que o crente descobre a
bem-aventurança completa do fato que quando ele veio a Cristo (durante a vida
dele) a sua alma já foi trazida da morte para a vida. Agora, na morte, o
cristão descobre que a morte não tem nenhum domínio sobre ele. Ele descobre que
nada pode separá-lo de Cristo. Somente o corpo morre “durante algum tempo”,
quer dizer, até o último dia quando ele será ressuscitado. Por outro lado, no
caso do incrédulo, o corpo e a alma experimentam “a morte”, que se refere à
separação de Deus e sofrimento inexprimível. A alma do incrédulo já está morta
(Efésios. 2:1). Ela não passou da morte para a vida. Agora a ira de Deus, que
permanece sobre o incrédulo, é sentida em maior medida.
(3) Mas é no último dia, quando irá ocorrer a
ressurreição geral de todos os homens (crentes e incrédulos) que nós finalmente
veremos o crente completamente libertado de toda miséria, e conduzido a
uma felicidade completa. Paralelamente, nós veremos o incrédulo sendo conduzido
à miséria completa, tanto no corpo como na alma, e que nunca terminará. Jesus
disse: “Digo-vos, pois, amigos meus: não
temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém,
vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder
para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lucas 12:4,5).
“Não temais os que matam o corpo e não
podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno
tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28).
Perguntas:
1. Qual é a grande verdade que os
incrédulos odeiam admitir?
2. O que eles tentam fazer devido a
este ódio?
3. Quais são as quatro partes da
miséria do homem?
4. Como podemos ver que o homem perdeu
a sua comunhão com Deus?
5. Como podemos ver que o homem está
sob a ira e maldição de Deus?
6. Quais são algumas das misérias desta
vida?
7. Qual livro da Bíblia descreve
claramente o término da comunhão do homem com Deus?
8. O que este livro da Bíblia quer
dizer com a palavra “vaidade”?
9. Quais são algumas maneiras pelas
quais as pessoas tentam compensar esta perda de comunhão com Deus?
10. Todos os homens experimentam as
mesmas misérias? Explique.
11. O que ensinam as ilustrações com
relação à miséria do homem?
12. Tanto os crentes como os
incrédulos experimentam miséria?
13. Qual a diferença entre a
experiência de crentes e incrédulos nesta vida? Na morte? No mundo porvir?
14. Como sabemos que realmente o
inferno existe?
15. Se todos os homens morrem, o que Bíblia quer
dizer quando menciona que o crente já passou da morte para a vida?
16. Deus tem um propósito bom nas misérias que ainda
deverão ser experimentadas pelos cristãos verdadeiros? Explique.
Fonte:
G.I. Williamson, O Catecismo Menor, Vol.1, Presbyterian and Reformed Publishing
Co., E.U.A.